CARNE FRACA – Investigação contra frigoríficos pede 38 prisões e 77 conduções coercitivas

Fraudes na fiscalização do setor de alimentos, beneficiando grandes e pequenos frigoríficos, estão sendo apuradas na operação deflagrada nesta sexta-feira (17/3). A operação envolve grandes empresas do setor, como a BRF Brasil, que controla marcas como Sadia e Perdigão, e também a JBS, que detém Friboi, Seara, Swift, entre outras marcas.

Ao todo estão sendo cumpridos mais de 300 mandados judicais, sendo 38 mandados de prisão (27 de preventiva, 11 de temporária) e 77 de condução coercitiva. A Justiça Federal do Paraná determinou ainda o bloqueio de R$ 1 bilhão das investigadas.

De acordo com a Polícia Federal, a operação investiga uma organização criminosa liderada por fiscais agropecuários federais e empresários do agronegócio. Segundo a PF, servidores das superintendências regionais do Ministério da Pesca e Agricultura nos estados do Paraná, Minas Gerais e Goiás “atuavam diretamente para proteger grupos de empresários em detrimento do interesse público”.

De acordo com a PF, os fiscais se utilizavam dos cargos para, mediante propinas, facilitar a produção de alimentos adulterados por meio de emissão de certificados sanitários sem que a verificação da qualidade do produto fosse feita.

Os mandados judiciais foram determinados pelo juiz federal Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal de Curitiba, que classificou como estarrecedora a participação de servidores do Ministério da Agricultura no esquema.

“É estarrecedor perceber que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento no Paraná, um dos órgãos mais importantes para garantir a qualidade dos alimentos consumidos diariamente por milhões de pessoas não apenas neste Estado, como também em outras partes do Brasil, e fora das fronteiras nacionais em alguns casos de exportação, foi tomado de assalto — em ambos os sentidos da palavra — por um grupo de indivíduos que traem reiteradamente a obrigação de efetivamente servir à coletividade”, afirmou no despacho.

Em entrevista coletiva, o delegado da Polícia Federal, Maurício Moscardi Grillo, afirmou que parte da propina paga aos fiscais do Ministério da Agricultural no Paraná teria servido para financiar campanhas políticas. “Há indícios claros dentro da investigação de que parte do dinheiro da propina era revertido para partidos políticos, como o PP e o PMDB”, afirmou. O delegado, no entanto, disse que não foi possível caracterizar quanto. Os frigoríficos estão entre os maiores doadores de campanhas, sendo a JBS a empresa que mais doou nas eleições de 2014.

 

fonte: conjur.com.br
Imagem: (Extra) globo.com

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