SOROCABA E A VIOLÊNCIA!

Sorocaba violentaEstatísticas servem, ou deveriam servir pelo menos, para balizar ações e políticas públicas que diminuam os efeitos e ajudem a resolver certos gargalos que sujeitam a coletividade a problemas sociais. Até por isso, não pude deixar de ficar surpreso ao ler hoje nos jornais que Sorocaba alcançou a média de um homicídio a cada três dias. Mantida essa proporção, teríamos algo em torno de dez mortes violentas ao mês! Os dados divulgados são mais do que preocupantes; ao mesmo tempo, porém, não serviram para orientar a quem de direito no encaminhamento de soluções. A sociedade cobra respostas e atendimento da demanda. Se algo não for feito com a urgência reclamada, estaremos atolados ainda mais no caos. Sim, porque caótico o quadro já é há bastante tempo. Quando à frente da diretoria da subseção local da OAB Sorocaba chegamos a cogitar a possibilidade da criação, em parceria com universidades e outras organizações, de um núcleo de estudos das causas da violência. Algo nos moldes daquele que funciona na USP. O núcleo é uma instância dentro da qual os problemas são discutidos, mas sobretudo que aponta alternativas. Nossa proposta, entretanto, não pôde ser implementada.  Esbarrou na falta de vontade política e em inconvenientes outros. A abertura de um canal com essas características não supriria, por si só, a demanda; por outro lado, poderia, dentro do seu campo de atuação, somar ao conjunto de ações que já deveriam ter sido colocados em prática. A sociedade, afinal, cobra respostas. O que nos angustia é que o tema tem sido demasiadamente discutido, teorias são formuladas, estudos mencionados, mas nada além disso acontece. Assistimos a uma omissão generalizada, a um descaso (não ocorre outra palavra) que nos empurra para um abismo. A incidência da criminalidade, é sabido, centra raízes em causas estruturais históricas. Qualquer cidade de porte médio (e Sorocaba já é sede de região metropolitana) deveria aprofundar o debate e buscar soluções mais objetivas e eficazes. Sim, vamos falar do contexto jurídico, da fragilidade da legislação, da impunidade que campeia, dos desmandos e abusos. Tudo isso está dentro do pacote teórico que sempre é aberto quando a questão vem à tona. Entendemos que já passou a hora de ficarmos apenas na análise.  E o que poderia ser feito, perguntaria você, amigo, que me acompanha neste espaço? Para começar, estamos diante de uma situação que exige intervenção oficial; logo, o poder público deve assumir a frente e chamar para si a responsabilidade de encaminhar as demandas. De forma mais prática, a sociedade organizada precisa se debruçar sobre o problema e começar a propor estratégias. Temos representatividade política nas duas esferas, vivemos num município que se orgulha de ocupar a oitava posição no ranking dos mais desenvolvidos. Recordes e indicadores favoráveis não nos faltam. Temos, agora, de fazer valer esse peso todo. Eu, pessoalmente, me disponho, se convidado, a integrar essa força-tarefa. Até porque não me agrada ter de discutir dados estatísticos que escancarem uma realidade tão cruel e grave como essa que, infelizmente, assistimos.

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